16 novembro, 2005

Poesias a partir de 1999....


Rio Grande/RS – 1999...

Vida e Morte
A morte da fome
Um dia há de morrer
Todos morrem
E morrem de fome
A fome da vida
Passa por um momento
E em outro
Some...
22.04.99


Não agüento este ponto
Não agüento
Estoura
O medo do arrebento !
18.05.99

As vezes o mundo é assim
Outras não reconheço
Te sinto teus olhos brilharem
Te sou e te quero
Ao ver o bastante não basta
Retiro a máscara
A vontade da troca
Que me satisfaz...
28.08.99


Não sinto
Cinto
Estado de sítio
“in sito”
cito
insisto
cisto
02.09.99

Quem sou Eu ?
Fui perceber a mim
E encontrei uma outra
Um outro
E outros
Ao mesmo tempo
Éramos nós
Eu, eu e eu
Não notei a personagem
E sim um reflexo de um espelho
Representado em fragmentos
Era uma imagem diferente
Estranha, subjetiva e incompreensível
Alguém que ainda
Estava por vir a ser eu...
09.09.99

Rio Grande/RS – 2000...
Praia Brava


Caranguejo

Por de Sol

Proteja as Dunas

Vista Aérea

Paraglider

Lagoa-Mangue

Canal

Bromélia

Surf

Turtle


Tenta-ativas
Tenta
Tenta
Tenta
Tantas
Tantas
Tontas


Rio Grande/RS – 2001...

Tudo do Nada
A existência do ser
Ausente de ser
Num vácuo infinito
Desaparece de repente
Basta acontecer
25/11/01

O ciclo da Vida
A Grande Árvore
Solta suas velhas cascas
Recicla...
Para nascer nova-mente inteira
Na próxima estação
27/12/01

Barco Furado
É fácil pular do barco furado onde os remos já se foram a tempo.
Quanto mar para remar nesta imensolidão...
Quantas mãos para segurar por estas correntezas incertas da vida.
Onde será que estaremos depois do tufão passar
Em que praia ou que ilha será que iremos parar
Só depois...

Infinito horizonte
No pedal
De onde vem o vento
E nem vento contra existe
Um movimento para frente
E outro momento insiste


Como um pássaro
Cambaleando no ar
Com uma só asa
Faltou sentido
nesta confusão !


Extermínio da emoção
Um coração caído
Dois sei lá...
Uma batida a mais
E se foi...
Ensangüentado
no meio da multidão.

Quando as asas quebram
como uma tempestade repentina
o tombo é tão profundo
que tudo se desfaz....

Sem Poesia Você Existiria ? ! ?
Qual a Razão da Existência... ?
Existia... ?!
Você Poeta Refletia
Entre o Céu estrelado
Da noite...
E Nuvens Passageiras
Do Dia...

Vôo aéreo
Quando tirar os pés do chão
Segure as pontas do coração.

Livre expressão
Não sei falar o que penso
Mas tento passar o que sinto!

O Todo e as Partes
O Todo me disse das partes
De outro ponto de vista
Olhando o todo das partes
Encontradas totalmente juntas.

Seguimos reto mas fazendo curvas...

Equilíbrio Dinâmico
Pedais
Olhos
Acento
Pernas
Guidão
Ouvidos
Freios
Mão
Raios
Cabeça
Corrente
Coração
Bicicleta
Gente
Ciclo
Relação

Certo ou serto, afinal qual é o çerto?

Extra
Terrestre
Intra
Terrestre
Terrastro
Terraço
Terra astro


Não existe inspiração
pelo desgosto
Ela desgosta !

...biciclointeiro...

Criando palavras recicladas
Secadas no sol d’outro dia
Clarea o ciclo da noite
O homem que escreve poesia

Radical
Capitalismo
Capital
Capita
Capeta


Olhos
O que vejo
Além do mundo
Olhos...
O que lá no fundo
Você revela
Olhos...
Infinito é seu horizonte
Olhos...
Que me mostra
Toda a vida nos
Olhos...

Diluindo Ciênciarte
Espaços-tempos diluídos
Em perspectivas subjetivas
Mudanças : metamorfisadas
Rupturas bruscas / traumáticas
Ou um continium corporal diluído
A complementariedade complexa
De forma diluída
Da vida aquosa
De esperanças possíveis e impossíveis
De ser diluidor
Estar diluído
E diluir-se
Transmutar de uma a outra
Sem perder as origens
Da criação morfodinamicamente
De estados cérebro/espírito/mente
Em transição : trânsito da ação
Diluídos aos poucos
Ou repentinamente

Zoom Poético
Zoom Macro...
Apareceu lá em cima
Zoom Micro...
Desapareceu lá embaixo
Zoom Cósmico...
Cosmética Ética
Estética do Cosmos
Cosmos todas e belas óticas

Desenh-in-forma-ação
Cada forma
Tem seu próprio espaço-tempo
Que se transformam
No macro e microcosmos
Ao mesmo tempo...
Uma forma-deforma a outra
Com in-formação...
A ação no espaço
desenha a contraforma
e esboça a imaginação...

Mitologia
Sementes de maça
Castelos de areia
Árvore frondosa
Rabos de sereia

Suaves ondas
Que levam
De um sentido para o outro
Que vem tão mansinho
Que balançam
Como pêndulos da vida
As vezes secas
As vezes molhadas...


Rio Grande/RS – 2002...

Onde ?
Quando?
Como?

Te acho !
Te amo !
Riacho !


Roda
Gira
Cabeça
Me
Faz
De
Besta


Ser-de-Forme
Não me delimito
Se o horizonte é infinito
Sou ser dissolvido
Assim não me omito
Me permito
Ser isto ou aquilo
Ser um só : me irrito
E se não deixarem ser um pouco de tudo
Eu grito: tudo parece um fúnebre rito !


Volta Criança
Eita outra vez
O adulto se desfez
E fui andar descalço na chuva
Jogar bola na enxurrada
Com a minha moçada
Andar pela calçada
Fui pegar gripe e bicho-de-pé
Para algum adulto me xingar
Fui estragar a paz dos injuriados
Dos velhos ranzinzas e suas rugas de preocupação
Fui brincar com minha criança
Que de vez em quando
Caia de bicicleta
Mas não perde a esperança.


Crise da Razão
Toda inteligência de um ser em decomposição
Não é nada além de não ser não
Não sabemos o que não sabemos
E continuamos certos entre a vida e a morte
Procurando desejos insólitos
Em mundos palpáveis, insetos na palma da mão
A distância se refere ao objeto
Não ao processo da vida
A vida é uma viagem diluída
Nas vivências é que se comprova
A vida é incontestável
Quem contesta não vive
Testa com a testa
Certificados também são incertos
O que sei o que é certo
É um infinito incerto
De certos ou sertos ?


Carinho Digital
Dos pés à cabeça
corpos crus todos virtuais
de peles ásperas e rugosas
ao tato do teclado
suaviza o cheiro
da ausência orgânica.
De faces digitalizadas
e bocas coladas
em bitz mansinhos.
No escuro do quarto
os olhos se fecham
ao tirar da tomada
a eletricidade dos sorrisos.
Apaixonados por horizontes
de telas planas
e profundos abismos
de sentimentos e programas.
E os quadris modelados de 4 cantos
das formas quadradas do prazer.
Mãos que deslizam clicando
o seio do imaginário
imprimem a força gostosa
do vai e vem da hora.
Com a mente distante
do fio de cabelo
conectada ao telefone
disca o seu nome...
- 01.08.02 -

Viagens de Passarinho
Hoje voei mais cedo, não gosto de falar da real-idade, gosto de criar maneiras novas de in-ventar mundos.
In-vento-mundos....

As vezes gosto de ficar mudo, não ter o que falar, não querer falar. Gosto de escrever o que penso, o que passa, por de dentro de mim. Gosto de escutar música e viajar na melodia, como uma sinfonia da vida que consegue nos carregar. Um vídeo clip do qual somos o personagem central, descentralizados...

... o som nos enche de vontades e ações que não serão possíveis, outras vezes, sim. O violão de fundo preenche um vazio infinito que se dissipa no ar. O ritmo, feito fogo, aumenta aos poucos, acelerando o coração, uma louca paixão invade o ser total numa velocidade da luz, que grita, pula e mexe com todos os sentidos.

A alegria instantânea chega a impulsionar os desejos e liberta a alma no vácuo puro. Estamos soltos para uma queda livre, sem as barreiras do vento, sem assobios e acentos.

Rachar a cara de quem ficar por perto, espatifar no chão no ritmo certo do salão. Realçar o instante com as mãos, único momento, que pode não ser, nunca mais...

... cuidar com carinho o rosto fadigado, em sangue escorrido e figuras mutiladas ao nosso lado, sem mudas de roupas, maltrapilhos do destino, meio fio cortante em fatias desiguais de um pobre menino.

Desejos concebidos desprovidos de sentidos, para lá e para cá, rodeados de cinismos, circuitos viciosos, várias facas de muitos gumes. Entra no corpo arrebentado de ser descorporificado. A máquina que produz desejos desjeitosos, espera os filhos nossos, os próximos...

Agüentar sem fuga pode não ser a saída, quando a vida se apresenta de frente, de peito aberto, acertar no alvo, da emoção, de um coração por perto...

Se perder do caminho pode acontecer. Ao saber que estamos sem rumo, os abraços remam sem direção, atraca aos poucos no corpo, de uma nova paixão...

Posso até amar a solidão, e assim mesmo, te dar as mãos. Posso amar sua boca, dizendo besteiras, amar ao seu lado ou mesmo distante, e de várias maneiras. Podemos nos completar em viagens cósmicas, como os dois passarinhos que querem se conhecer...

E nesse meio caminho, promovem juntos uma revolução. Agüentar o vácuo de um buraco aberto em nossos espaços, com medo e prazer, escolhermos uma suntuosa árvore para estabelecer o ninho ...

Dar um rasante com a corrente de vento para depois nos equilibrar, o tempo passa em nossas asas em outro rasante pra não ficar sem graça, uma pirueta outra rodopiada, para encantar a vida, e a namorada.

O fogo que acende o coração estampa um sorriso alegre contaminando o entorno. Amar é revolucionar o todo. Chacoalhar os esqueletos humanos, desmascarando-os seus planos, num pano de fundo profundo...

Desejar um beijo gostoso, meloso, mil possibilidades do gozo. Poder beijar seu rosto fervoroso, no contato imediato que não deseja desato... Imaginar nós dois colados, rodopiados, adormecidos no ninho, quentes e entorpecidos...
- 01.08.02 –

Gestalt Aventura
São fortes as emoções com que estou acostumado. Os ventos-vendavais, no mar, soltam a imaginação pelos cabelos rebeldes no ar. O sopro azul e forte que mostra o caminho dos aventureiros descritos em diários de bordo. Desenhos de paisagens imaginárias surgem na curva do mundo. A intensidade é um contraste, de correntes dinâmicas de múltiplos fluídos. O movimento ação é o momento, tempo, espaço e deslocamento. No viajar suave da brisa que desliza por cima, baixinho. Ou mesmo, um manso carinho que escorre do corpo todo, o sussurrar, o medo, o êxtase quentinho...
03.08.02

Doce Amarga
Revela
Doce
Amarga
Sua
Boca
Me leva
Doce
Amarga
Sua
Força
Apela
Doce
Amarga
Sua
Louca !
11.08.02


Medo
Medo escondido
Dos sentidos
De se entregar
Totalmente cósmico
No inseguro
De cair no vazio
Um arrepio
De repente
Sente
Paixão!
28.08.02

Menina Mulher
Delicada loucura
Corda bamba
Faca de dois gumes

Fogo vermelho
Forasteira paixão
Carne candente
Mordidas e dentes

Revolução da molécula
Asas do chão
Vôo de ícaro
Vida de ilusão

Novo tempo
Fantasia amorosa
Espaço apertado
Boca fogosa

Corpos abertos
Sopro ousado
Vento da tarde
Nós lado-a-lado ...
28.08.02

Biciclointeiro
Sou um ciclista errante
Que tromba de cara com a vida
Meu ciclo é sempre constante
Renovado pelo caminho...

Adormeço em braços e barracas
Nas fogueiras de luas cheias
Escuto a natureza e araras
Surpreendente por sua beleza

Sou um ciclo vicioso
Sedento por aventura
Viajo pelas estrelas
Mochileiro, vôos distantes

Mantenho minhas relações
Como os ciclos amores
Tento passar liberdade
Felicidade além dores

As ciclo interações humanas
que troca, cativa, me toca
Como pele queimada do sol
Escurece, forte e acende.

Meu pedal é com muito cuidado
Me arrisco se precisar
A estrada sou eu quem traço
Por mapas e derivas

Minha bagagem são necessidades
Que quero saber tratar
Se cidadão do mundo sou
Vou me ciclo reciclar...
29.08.02

Minhas Namoradas
Me relaciono com todas as mulheres do mundo
Por onde passei, passo a passo
Amo todas elas e tenho saudades
Eu queria estar com todas elas
Podendo existir com todas elas
de uma só vez...
29.08.02

BASNOVAS
vida jovem
liberta e larga da mente...a luz cinação naveia
d aventura tonturaa
doce, desce de repente derrapa...
...ersente...
... porumomento
e nunca mai...
as voltas são mesmas
de ciclos
decifros
e
i
nov a ç ã o
06.10.02

Paixão em Alto Mar
De encontros e encantos se faz a vida...de futuros presentes que o amanhã se torna forte o passado que existiu entre nós...

...te voltar és direção incerta onde jogamos de salgueiro a vela em mares perdidos... nos horizontes de ventos fortes, recuperamos vontades das paixões enlouquecedoras, ao infinito amor...

Não temos os tempos certos em ondas distantes e praias que abrigam nossas lutas... que libertam nosso espírito caranguejo maria farinha, que percorre de lado suas areias entranhas que se faz com cuidado um carinho gozoso...

Oceanos profundos de sentidos mudos, do eterno retorno aos reencontros dos fluxos ...desejantes... se faz em mulher, a amiga e amante, os ciclos de maré instantes, de altos e baixos, sem medo de querer se espatifar por todos os lados nas rochas duras ou em suaves brisas que se evaporam nos suor dos poros por dentro de nós...

Estou esperando te escutar em ritmos e melodias que o computador não pode passar...

O carinho digital as vezes faz bem outras faz mal...

As belas poesias que me envias não contas as texturas que são só suas...

Mas não canses de enviá-las, pois ainda assim, a alegria que me emanas pode contaminar entre linhas...
08.11.02

Corpos Anti-transpirantes
Sinto a falta de sua poesia vazia que se perde pelo ar... anti-transpirante...Que afeta a ecologia dos afetos em todos os momentos de nossos dias quentes...transpirados pelo suor dos rostos colados de lado...... o mal cheiro das minhas palavras invadem os micro poros dos seus sentidos...Pelos ouvidos entram um som suave que quase nos desfaz.O outro momento do exercício que esquenta as almas em latentes chamas de dois gumes...... uma insalubre forma de sermos um pouco mais eu, você e o cosmos...... uma cosmética indelicada de cheiros e desejos de um gostoso beijo..19.11.02
Comendocê
Desejo seu beijo por um queijo
Junto uma gostosa goiabada
Nos seios vermelhos da namorada
Um lanche romance
Doce, salgada e distante
Do melado gozado
Em momentos inesperados
O fio do ovo amarelo
Escorrendo seus cabelos algodão doce
Pernas torneadas de pirilito
O corpo todo espetado num pau-lito
19.11.02

Retro Visor
Quando me ponho a expressar
me perco numa derrapada curva da vida
que me apresenta de repente à frente...
Escapada triunfante da alma
desenhada em letras, palavras, frases
e meio poesia de estrada
... melodia...
... melo dia ...
meio dia
Com nadadeiras de tartaruga
mergulho fundo em palalgas marinhas
que me aninha em seus entremanhados seios
Quando me proponho amar
escapo das idéias calculosas pelo retrovisor - retro visão –
de uma bicicleta em movimento...
...me sento no à cento sendo embalado pelo vento...
24.11.02
POEMAS DE VIAGEM


A arte dos Descobrimentos
Das revelações profundas
Espanto das almas
E a consciência do que não tinha
O despertar de outros
De Eus
Na revelação de filmes
De negativos a positivos
De algumas coisas ainda
Misteriosas...
Em maneiras diferentes de
Viajar, de tratamentos,
De gostos adquiridos
Nesta transformação contínua
Do dia-a-dia, de adaptação
E pé na frente, dedo no asfalto,
Pedaladas persistentes e
Dedicação
Pouca recusa ao não
Força na fé de Deus, decisão
A arte de descobrir a direção.

Um oceano
Dois oceanos
Trinta anos de Oceano
Uma vida toda no mar
Um mar todo de vida
O peixe fora d’água,
Poucas vezes vira comida
O ar que se respira
Poemas no ar...
Momentos que te inspira
Oceano que nos pira
Uma onda que sobe
E que desce,
Esbranquece calma na areia da praia
Muita areia, pouco caminhão
Muita água, muita paixão
E o sol que antes era quadrado
Hoje nasce no horizonte do Atlântico sul
Vermelho e amarelo
Natureza completando o elo
O elo belo do cogumelo...

Deserto
Tão longe...
Tão perto...

Poucos movimentos
Uma só ação
Ventos que carregam areias
Tudo por conta da emoção.

Tamanho de natureza desproporcional
Amazônia ao vivo nada igual.

Infância diferentes de outras
Sobrevivendo da solidariedade de outros
Dias sujeitos ao sim
Outros não...

Árvores e frutos
Que lá no Sul não conheço
Formas e cores
Que aqui no Norte
É só o começo.

A lembrança de tempo
Dá saudade do espaço
Amizades à distância
Nesta estrada é o que faço.

A balsa lenta
No leito do rio
Tripulação quente
Poucas vezes
Se cobre do frio
Dias que não passam
Entre noites de tempestades
Que provocam arrepios.


Areia no deserto
Certeza infinita
Constância...
O vento sopra
A alma irrita
Fica mudo
Estranhos barulhos
O sol enfurece
Predominância...
De múltiplas cores
Do branco ao vermelho
Irradia
Queima a pele que arrepia
Forma sombra nos lençóis
Eterna
Vigilância...


Cachoeiras pedras de cristais
Tromba d’águas
Nos imprevistos
Desenformados dos perigos
O bem estar no mesmo lugar
Energias ocultas
Aqui, ali, não sei aonde
Procure
Inspire e ela estará
Misticismo nos cantos de uma bola
Inigualável sensação
Experiente com razão
Uma gota
Da Chapada dos Veadeiros
Chapadão...


Quem apagou as luzes
Onde estamos...
Toquei em algo?
Alguém aí?
A um palmo da visão
Me guie, onde piso, água?
Neste caminho jamais estive antes
Foco por favor
Cuidado!
Tudo aqui é sagrado
Só o tempo é quem sabe
Escuro, escuro, escuro
Que barulho é esse ?
Terra ronca.


Viagem de descobrimentos
De revelações profundas
Espanto da alma
E a consciência que não tinha
Um despertar de outros Eus
Revelação de filmes
De negativos
E positivos
Alguma coisa ainda misteriosa
Malícia
Tratamentos, gostos adquiridos
Transformação contínua
Adaptação
E pé na frente
Persistência e dedicação
Poucas recusas
Força de vontade, decisão
Boa índole
Fé em deus
Cabeça (prá frente) erguida
É só seguir a direção.

Boto Vermelho
Que Cousteau pintou e bordou
De cor-de-rosa
Que da cultura e folclore
Se tornou da mídia
Globalizou...
Ficou conhecido, descaracterizou
Banalizou...

Uma flor indica beleza
Do outro sentido, poluição...
Certa sabedoria e alguma razão
De outro modo, insanidade
Incoerência e perdição
Bio-indicadores
Da destruição.


Amazônia mistério do mundo
Sinta-se um aprendiz da natureza
Implacável com seus filhos
Os filhos da Terra sacrificada
Dos índios e brancos
Que se fundiram
Que se foderam...
Restou apenas uma raiz no inconsciente
Uma vaga lembrança
Do que já foi
Na presença de uma mata verde
De um boto vermelho
De um rio negro
De uma sombra
Do mistério...

Muito lixo foi jogado no rio
O peixe olhou pro homem e sorriu
A natureza incontestável interagiu
Olhou pro lixo, olhou pro peixe, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem achando certo, olhou pro lixo, olhou pro peixe e sorriu
O peixe que nada entendia, olhou pro lixo
Olhou por cima, olhou pro homem e sorriu
Muito lixo foi jogado no rio
O homem que comia o peixe
Foi pescar o lixo que sorriu
Pois do seu olhar o peixe sumiu.

O boto e o menino
Um dia o boto apareceu
Menino
Menino sorriu, pulou e brincou
- Boto posso brincar contigo?
- Tá doido menino?
Tenho que trabalhar
Evite jogar lixo no rio
Para um dia nós brincar
O boto já foi indo
E o menino foi pensar
Será que o boto é lixeiro
Ou ele gosta de nadar...


Um dia saí para pedalar
Eu e a magrela.
Encontramos muitas coisas assim
Outros assados...
Mas tudo que vimos
Foi engraçado

Um momento do futuro
E outro do passado
Minha bicicleta queria mais
Passear pelo Brasil
Da Amazônia ao Cerrado

Íamos dia a pós dia
Conhecendo cobras e veados
Sempre com o sol na cabeça
Pessoas humildes ao nosso lado

Foi uma pedalada e tanto
Alguns pneus furados
Raias, aros,
Cabos e câmbios trocados

Eu e minha bicicleta
Descobrimos uma aventura
Armamos a barraca
Na mãe Terra natureza
Respeitando sua vontade
Viajamos com firmeza

Teve chuva, teve vento
Barraca molhada e tormento
Foi uma grande brincadeira
De criança grande
Mas sem mamadeira

Percorremos muitos mil quilômetros
Até gastar o pneu
Foi quando percebemos
Que estávamos muito longe,
com sono
cansados.
Só ela
E Eu

Crianças no Rio Amazonas
Onde encontrarei
Esta face outra vez
Soprou como um vento
E se desfez !